Esse filme é ideal para quem é da área de geriatria/gerontologia. Amor, de Michael Haneke, é daqueles filmes que te pega de jeito e te faz pensar por dias. Então, esse filme não é uma comédia romântica, pelo contrário, é um retrato sincero e, por vezes, doloroso sobre o envelhecimento, muitas vezes abordando vários aspectos que cerca a realidade de nossos pacientes. Por isso é um ótimo filme para profissionais da área da geriatria e gerontologia.
Longe de ser apenas um drama, ele é um caso visceral do envelhecimento, da doença e da fragilidade da rede de apoio, e isso o torna um recurso indispensável para geriatras e gerontólogos.

A história de um casal de idosos, Anne e Georges. A vida deles, que era cheia de música e carinho, desmorona quando Anne sofre um derrame. A partir daí, a gente entra na jornada de cuidado, e é aqui que o filme Amor se torna um espelho para os desafios que muitos idosos e suas famílias vivem.

As Lições que “Amor” nos Ensina:
- O Isolamento é uma Realidade, e é Muito Doloroso: Conforme a saúde de Anne piora, o mundo deles encolhe, e o apartamento se torna uma prisão. O filme mostra como a doença do idoso pode levar a um isolamento social, e isso é uma das maiores batalhas para a saúde mental de todos os envolvidos, tanto para quem está doente quanto para quem cuida.
- O Conceito de Caregiver Burden (Carga do Cuidador) em seu Estado Mais Puro: Georges, o cuidador principal, nega ajuda externa e da filha, assumindo o fardo sozinho. A cada cena, a gente vê o esgotamento físico e psicológico dele. A negação, a frustração, a solidão. A história de Georges é um alerta sobre a importância de identificar e intervir precocemente na sobrecarga do cuidador. É uma analogia perfeita para a ideia de que, se o cuidador não se cuida, o sistema de cuidado todo desmorona.
- A Comunicação Falha e o Silêncio Prevalece: A cada piora de Anne, a comunicação muda. O diálogo carinhoso vira silêncio pesado e, às vezes, gritos de desespero. A filha, que tenta ajudar, não consegue se comunicar com os pais e se sente à parte. A gente vê aqui como a falta de uma comunicação aberta e honesta pode quebrar a rede de apoio e deixar a família à deriva.
- A Transição para a Fragilidade e a Dependência: O filme nos mostra, de forma impactante, a abrupta passagem do envelhecimento saudável para a fragilidade e dependência total. A Anne que toca piano e ri em um concerto é a mesma que, semanas depois, luta para se alimentar. Essa transição brutal é algo que estudamos, mas o filme nos permite sentir a perda de autonomia de uma forma que a teoria, muitas vezes, não alcança.
E por que profissionais da área de geriatra e gerontologia deveriam assistir “Amor”? Porque ele nos confronta com os dilemas reais que encontramos todos os dias, só que de uma forma crua e inesquecível. Assista-o como se fosse um estudo de caso mesmo.
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