A fofoca que viralizou nos grupos de WhatsApp desta semana joga luz sobre um debate que é tão antigo quanto a residência médica: o limite da jornada de trabalho e a cultura de exploração no internato na medicina.
O áudio de um interno ameaçando processar o R1 e a faculdade caso ficasse mais de 8 horas no estágio acendeu o pavio. Mas o ponto-chave da confusão não foi apenas o tempo, e sim a resposta: a jornada de 8h ser totalmente “picotada” (por exemplo: 5h-8h, 12h-14h, 20h-00h), exigindo que o interno ficasse à disposição o dia todo.

De um lado, a velha guarda e os R’s, criticando a falta de dedicação. Do outro, a nova geração e a lei, exigindo o respeito aos direitos.
Agora vamos analisar os pontos quentes dessa discussão que afeta a todos nós:
Os diferentes argumentos:
O cerne da polêmica reside em duas visões opostas sobre o internato:
- A Visão Tradicional: Muitos médicos mais experientes argumentam que a melhor fase para aprender é no internato, onde o acadêmico tem toda a oportunidade e nenhuma responsabilidade legal (além de aprender). A crítica a esse interno é que ele estaria trocando o aprimoramento profissional pela busca do “status e salário”, sem entender que nosso treinamento precisa ser intensivo para lidar com vidas. A medicina não é uma carreira de 8 horas.
- A Visão dos Direitos: Aqui, a crítica é direcionada à cultura tóxica da medicina. Como alguns apontaram, muitos hospitais se apoiam no trabalho não remunerado de internos e residentes para fazer o serviço funcionar, economizando na contratação de staff. A romantização de jornadas extenuantes é um veneno que leva ao burnout e, pior, pode causar iatrogenia (erro médico) devido à privação de sono e cansaço. O interno está legalmente correto, pois o estágio é para aprendizado, não para suprir déficit de pessoal.

O Equilíbrio Necessário: Intensidade com Dignidade
Concordamos que um médico que fez “só o básico” no internato pode se tornar um risco. O treinamento precisa de dedicação maior. Mas essa dedicação não pode vir à custa de jornadas desumanas ou abuso.
A solução não está em brigar pelas 8 horas exatas, mas em valorizar o tempo de aprendizado. O bom interno quer ficar, desde que o tempo extra seja produtivo e não servindo apenas como mão de obra barata.
Logo o desafio é: Como honrar a necessidade de um treinamento intensivo (que exige tempo) e, ao mesmo tempo, garantir os direitos e a saúde mental do estudante/residente?
Hora da Discussão!
Onde está o erro? Na mentalidade do estudante que só busca o status, ou na estrutura exploratória da Medicina que romantiza o sofrimento?

Seja sincero: Você já sentiu que seu estágio/residência estava te explorando? Ou você acha que o interno está desperdiçando a melhor oportunidade de aprendizado? Deixe sua opinião e vamos debater no nosso fórum!
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