Essa semana vi uma notícia de um homem que foi diagnosticado com a peste negra nos EUA. Um questionamento veio enquanto lia a notícia, quem nunca viu aquelas imagens sinistras de médicos com máscaras longas e pontudas, parecendo um bico de pássaro, durante a Peste Negra? Por que os médicos utilizavam aquela “máscara de pássaro”? Pesquisando, percebi que, por trás dessa aparência assustadora, existia uma tentativa (mesmo que equivocada pelos nossos padrões atuais) de proteção contra a terrível doença.
A Teoria dos Miastos: O Ar “Corrompido” como Causa
Na Europa do século XIV, a ciência como conhecemos hoje ainda engatinhava. A causa da Peste Negra, causada pela bactéria Yersinia pestis transmitida por pulgas de ratos, era um mistério. A teoria dominante era a dos miastos – a crença de que doenças eram causadas por vapores pútridos ou ar “corrompido” que emanava da decomposição da matéria orgânica, de pântanos ou mesmo de pessoas doentes, ou seja, eles achavam que o que causador da doença estava no mau cheiro exalado pelos doentes.
Com essa teoria em mente, os médicos da época tentavam se proteger desse “ar maligno”. E é aí que entra a famosa máscara de bico de pássaro!
O Design da Máscara: Uma Barreira Contra o “Mau Ar”
A máscara não era apenas um acessório bizarro. Ela tinha um propósito (segundo a ciência da época):

- O “Bico”: Era a parte mais longa e icônica da máscara. Dentro dele, os médicos colocavam uma mistura de ervas aromáticas e especiarias, como lavanda, alecrim, cravo, cânfora e alho. Acreditava-se que esses aromas fortes seriam capazes de “filtrar” o ar corrompido e proteger o médico da doença. Era como se o bom cheiro expulsasse o mau!
- Orifícios Nasais: No final do “bico”, havia pequenos orifícios para que o médico pudesse respirar através das ervas.
- Óculos de Cristal: Para proteger os olhos, que também eram considerados uma porta de entrada para os miastos.
- Túnica Longa e Chapéu: Geralmente feitos de tecido encerado ou couro, para evitar o contato da pele com o “ar pestilento”.
- Luvas e Calças: Para uma proteção ainda maior.
Todo esse conjunto de vestimentas visava criar uma espécie de barreira física e olfativa contra a causa imaginada da peste.
A Realidade: Uma Proteção Ineficaz

Hoje sabemos que a Peste Negra não era transmitida pelo “mau ar”. A bactéria Yersinia pestis era transmitida principalmente pelas picadas de pulgas infectadas e, em alguns casos, pelo contato direto com fluidos corporais de pessoas ou animais doentes, ou ainda por gotículas respiratórias.
As máscaras de bico de pássaro, apesar da boa intenção, não ofereciam uma proteção eficaz contra a real causa da doença. No entanto, podemos imaginar o quão desesperadora era a situação e como as pessoas buscavam qualquer forma de se proteger contra uma doença tão devastadora.
A imagem do médico da peste com sua máscara sinistra acabou se tornando um símbolo da própria Peste Negra e da escuridão da época. É um lembrete de como a falta de conhecimento científico pode levar a tentativas de proteção equivocadas. Vimos isso durante a pandemia da Covid, em tempos atuais, com as várias máscaras de diversas formas sendo utilizadas.
Por outro lado, olhar essas atitudes assim mostra o lado humano em buscar soluções mesmo diante do desconhecido.
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